De janeiro até o último domingo, foram 1.635 acidentes na via
Enquanto os governos federal e estadual discutem, mas não definem a duplicação da BR 262, os acidentes continuam fazendo vítimas e destruindo famílias na rodovia. São pelo menos seis acidentes por dia e uma morte toda semana no trecho de 180,5 km da via que corta o Espírito Santo.
Foto: Carlos Alberto Silva
“Aqui, sou testemunha de acidentes frequentes. Caminhões descem fazendo ultrapassagens perigosas”, conta Katarina Rhein, 36 anos, gerente de restaurante e moradora de Domingos Martins
De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram registrados 1.635 acidentes, que resultaram na morte de 33 pessoas na BR 262 de janeiro a 15 de setembro deste ano.
Taxista e morador do município de Marechal Floriano, Aurélio Favilla Lobo, 34, já perdeu um amigo em um acidente na BR. O rapaz era músico e tinha 30 anos. Ele foi atingido no km 48 por um caminhão que entrou na contramão.
“Na época, a esposa do meu amigo estava grávida – a filha nem conheceu o pai. Já vi muita gente perder familiares na BR”, lamenta o taxista. Ele também reclama dos buracos e da pista irregular, que favorecem os acidentes.
A redução das mortes seria a principal vantagem da duplicação da rodovia, já que a obra evitaria as colisões frontais, que são os acidentes com maior potencial de morte. Essa é a opinião da inspetora da PRF Carolina Ferreira Ortega. Neste ano, foram registrados 51 acidentes desse tipo, que resultaram na morte de oito pessoas na rodovia. Já as saídas de pista tiraram a vida de dez motoristas.
A inspetora acrescenta que alguns pontos favorecem o registro de acidentes, mas que a via, sozinha, não causa desastres. “A maioria dos acidentes é consequência do excesso de velocidade e da imprudência dos condutores”, pondera ela.
Campeão
O trecho campeão de acidentes é urbano e vai da saída da Segunda Ponte, em Cariacica, até Viana. Lá, foram 745 acidentes somente neste ano, com três mortes. “O fluxo de veículos é intenso. Nesse trecho ocorrem mais acidentes e colisões mais graves, além de atropelamentos e engavetamentos”, diz Carolina.
Outros trechos que merecem maior atenção do motorista estão entre os Kms 150 e 159, na Serra de Ibatiba, com vários pontos perigosos, como a Curva da Ferradura, e entre os Kms 30 e 40, da Ponte do Rio Jucu ao Trevo de Domingos Martins. Em cada um desses trechos morreram quatro pessoas neste ano.
Recuperação da via só termina em 2014
Para reduzir o número de acidentes na BR 262, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está realizando obras de recuperação na via.
Até o final de outubro, o trecho que vai de Viana até Victor Hugo estará concluído, com a pintura de faixas, pavimentação, instalação de novas placas de sinalização e recuperação de guarda-corpo de pontes. A previsão do órgão é terminar esses serviços na rodovia até março de 2014.
Segundo o órgão, também foram instalados, recentemente, cinco radares na 262, em locais como Viana e Domingos Martins. A via deve ganhar outros redutores de velocidade até o final do ano, mas o Dnit não informou a quantidade nem os trechos que receberão os equipamentos.
Até 2017
A expectativa do Dnit é começar as obras de duplicação da BR 262 no primeiro semestre de 2014. O órgão promete duplicar os 180,5 km, trecho que vai de Viana à divisa com Minas Gerais, até dezembro de 2017. O Dnit optou por dividir o trecho em seis subtrechos, que serão feitos em períodos diferentes. Essa divisão reduziria o risco de problemas futuros.
O subtrecho mais longo e mais complicado, por conta da geografia da região, é o que vai de Viana a Victor Hugo, em Marechal Floriano. O projeto para esse trecho está em fase final de licitação em Brasília, segundo o Dnit.
Trechos mais perigosos da BR 262
Km 0 ao Km 9,9
Descida da Segunda Ponte, em Cariacica, até VianaTrecho com o maior número de acidentes: 745 e 3 mortes
Km 10 ao Km 19,9
Posto 13 de maio em Viana até o trevo
179 acidentes e 3 mortes
Km 20 ao Km 29,9
Entrada do presídio até a Ponte do Rio Jucu
91 acidentes e 3 mortes
Km 30 ao Km 39,9
Ponte do Rio Jucu ao Trevo de Domingos Martins66 acidentes e 4 mortes
Km 150 ao Km 159,9
Curva da Ferradura até Ibatiba
61 acidentes e 4 mortes
Fonte: A Gazeta
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